POESIAS DO SÉCULO XXI

Eu meus poemas

Hoje, relendo na memória meus poemas,

Os prediletos, os deconhecidos

Pude perceber que sou poeta e poema de mim mesmo

Aventureiro do meu próprio ser.


E nessa arqueologia da minh’alma

Eu, arqueólogo sonhador e errante,

Sonho e erro, erro e sonho novamente

Onde nessa busca constante por vestígios


Vestígios de quem fui e sou

Pensei e agi, falei e menti

Me encontro eu soterrado


Por lembranças de um passado morto

Que está mais vivo do que nunca

Escavei meu eu e descobri meus poemas, os prediletos, os desconhecidos.



Reflexão [para uns] ou explicação (para outros): a missão poética perpassa pelo entendimento do poema e do poeta por si mesmos, quem escreve objetiva descobrir-se no que se escreve. As explicações para tudo quanto um poeta escreve encontra-se nele mesmo. Um dos ideais do poeta é fazer com que seu poema fale por si próprio, pois ele é algo vivo, que provoca reações, capaz até mesmo de dar vida a certas coisas e sentimentos. O silêncio do poeta não representa uma postura inerte, pelo contrário, é uma postura provocante em relação ao que ler o poema. O poeta age como quem ensina uma criança a andar de bicicleta: a bicicleta é a linguagem e a criança o poema. Até certo ponto a criança aprendiz necessita do amparo de alguém por meio do qual se equilibra, mas, pouco tempo depois, ela aprender a equilibrar seu corpo, ganha vida e ganha o mundo. O poeta, satisfeito, olha a criança pegando cada vez mais embalo, pedalando com cada vez mais liberdade, e pronto! Sua missão foi cumprida, o texto ganhou fôlego de vida, pode ser transmitido, amado e odiado. O poema, necessariamente não é o que ele é, é mais do que isso, ele é acima de tudo o que se aprende com ele, o que dele se ler. Num poema o poeta é só um detalhe.


Luciano "Quaji Poeta"

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